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QUICKSAND

“Quicksand” é a música mais curta e urgente. Achei que poderia ser transmitida em streaming e ser aperfeiçoada ao ser apresentada ao vivo. Além disso – é difícil explicar –, mas o ritmo tem essa sensação estroboscópica. É muito urgente e achei que isso pudesse talvez funcionar bem on-line, a urgência da música. E, espero, tocar as pessoas, emocionalmente. 9—björk

Direção de
TAKCOM
Direção de criação
Kaoru Sugano,
Dentsu Lab Tokyo
Direção técnica
Daito Manabe,
Rhizomatiks Research

Este projeto foi a conjunção perfeita entre aquilo que a Björk queria fazer e a tecnologia com a qual trabalhamos. Não foi o caso de forçar os limites da tecnologia pelo simples prazer de fazê-lo, mas de demons-trar como a incorporação dessa nova tecnologia aprimorou a emocionalidade da obra de forma natural, sem esforço.
— Kaoru Sugano

O deslumbrante e dinâmico projeto “Quicksand” baseia-se na música final do álbum Vulnicura e revela os altos e baixos extáticos da música como uma deixa para levar a linguagem visual da performance mediada ao seu limite.
Composto por várias partes, o projeto “Quicksand” foi desenvolvido por uma equipe de especialistas que trabalhou em conjunto com a exposição de terra esférica do Miraikan National Museum of Emerging Science and Innovation denominada Geo-Cosmos, que exibe vídeos de alta resolução 4K em um painel eletroluminescente orgânico em tempo real. Com sede em Tóquio, o local já havia acolhido o projeto Biophilia da Björk em 2013 e desejava explorar as possibilidades de fusão criativa e técnica. O resultado contém três elementos interrelacionados, que, em conjunto, sugerem um modo mais integrado para captar, compartilhar e reutilizar imagens à medida que passamos da apresentação ao vivo à transmissão via streaming e, posteriormente, para a experiência em RV.
Mais especificamente, a primeira parte de “Quicksand” é a apresentação ao vivo de cinco minutos da faixa de Björk no Miraikan em 28 de junho de 2016. O diretor de criação do projeto, Kaoru Sugano, explica que “um grupo foi convidado a vivenciá-lo diretamente com seus próprios olhos”. Intitulada “The Making of Björk Digital”, a apresentação aconteceu em 28 de junho de 2016 e apresentou Björk usando uma máscara feita especialmente para “Quicksand”.
Sugano então explica o segundo elemento do projeto: “A apresentação foi gravada com câmera e transmitida via streaming, ao vivo, para o mundo todo, em RV de 360 graus”.
Sugano depois afirma: “Finalmente, para o terceiro elemento, foram usadas e manipuladas imagens ao vivo para criar o videoclipe ‘Quicksand VR’, que foi lançado como produto final dessa série de elementos do projeto”. Ele continua, “a mesma apresentação pode, portanto, ser vivenciada de várias maneiras e em várias dimensões. Naquela época, eu ainda tinha que encarar o conceito de projetar e criar uma performance especificamente para transmissão ao vivo em 360 graus; realmente, parecia ser o pioneiro do gênero em escala global”.
Sugano explica que, como “Quicksand” se baseia na relação de Björk com a mãe, a experiência em RV foi projetada para visualizar a conexão mãe-filha. “Björk canta sobre o relacionamento corrompido e como a negatividade da mãe transtornou sua própria vida, e como ela se sentia, como se estivesse desaparecendo, como areia”, explica Sugano. “A performance recria a relação mãe-filha no palco em três dimensões, imaginando o Geo-Cosmos do museu de Miraikan, como a mãe, e Björk cantando, como em sua própria infância. No entanto, quando tornou-se mãe, o relacionamento de Björk com a própria mãe aos poucos se modificou; ela se refere ao relacionamento com a mãe como um ‘campo magnético’.”
Daito Manabe se encarregou da apresentação e da transmissão em streaming ao vivo, como diretor técnico. Diz Sugano: “Ele dividiu as letras da música em palavras ou frases únicas, criando uma cronologia visual composta de pequenas cenas correspondentes aos significados de cada frase. Com base nessas cenas, Daito programou um sistema que integra várias camadas de diferentes módulos de vídeo, incluindo iluminação LED, mapeamento de projeção do adorno de cabeça com máscara e o Geo-Cosmos em segundo plano, tudo controlado e manipulado por ele a partir de uma interface em tempo real durante a apresentação”.
O cineasta do projeto, TAKCOM, trabalhou com as filmagens da transmissão ao vivo da apresentação para criar o desenho visual em CG [computação gráfica] da versão em RV apresentada na exposição Björk Digital. Para complementar as letras escritas por Björk, criou elementos gráficos que surgissem ao seu redor e ao redor do Geo-Cosmos. As letras, repletas de imagens visuais, como ninhos celestes, feixes de luz e areia movediça, são refletidas no videoclipe através de motivos gráficos de sinapses, neurônios, areia movediça, nebulosas e heras que aparecem ao redor do adorno de cabeça de Björk. A história como um todo é uma mensagem para as crianças do futuro, incentivando-as a superar a escuridão e a imaginar mudanças positivas. De fato, durante o interlúdio da ponte, a câmera passa de Björk para o Geo-Cosmos, que se transforma em uma estrutura semelhante a um ninho que, por sua vez, lembra a Björk.
Outro elemento fundamental do projeto é a máscara usada por Björk e criada em colaboração com Neri Oxman, do MIT Media Lab, que comanda o grupo Mediated Matter, com foco em pesquisas ligadas ao design inspirado na natureza. Oxman usou interpretações digitais de digitalizações tiradas dos ossos e tecidos faciais de Björk para projetar a peça, que é chamada de máscara “Rottlace”, e a imprimiu em 3-D antes de levá-la pessoalmente ao Japão. A máscara, que se move em conjunto com os músculos faciais de Björk enquanto ela se apresenta, capta a dor que é uma parte tão presente de Vulnicura e, como Sugano explica, ajuda a “evocar uma viúva que usa véu, escondendo o rosto em luto, ou talvez a ideia de uma tristeza tão profunda que impede uma pessoa de fazer contato visual com outra”.
Referindo-se à máscara, TAKCOM diz que sentiu uma forte relação emocional com o adorno de cabeça. “Na animação, eu queria encontrar uma maneira de expressar emoção e também fazer os gráficos parecerem algo extraído da natureza. Assim como sugere a expressão ‘areia movediça’, usei partículas de luz em fluxo constante para representar a emoção. As partículas de luz tremulavam ao ritmo da música e mudavam de acordo com as frases musicais e os movimentos de Björk durante a performance.” Continua: “Durante o processo de produção, fiquei realmente inspirado pelas formas inconstantes criadas por diferentes acúmulos de partículas de luz, que ocasionalmente expressavam emoções positivas e, outras vezes, negativas. A parte mais desafiadora foi o exaustivo processo de rotoscopia em 3-D”.
Analisando as conquistas do inovador projeto “Quicksand”, em três partes, Sugano afirma: “O ‘Making of Björk Digital’ é uma apresentação ao vivo que rompe as fronteiras do mundo da RV, criando uma performance improvisada ao vivo diante de um público e transmitindo-a ao vivo em 360 graus. Dessa forma, a RV não é a mera apresentação de informações em 360 graus, mas uma tecnologia que vivenciamos da mesma maneira como experimentamos o mundo em que vivemos. Além disso, através deste projeto, Björk usa a RV como uma ferramenta por meio da qual se relaciona mais intimamente com seu público. O mundo da RV capta tanto o verniz da música pré-gravada em CDs e videoclipes, quanto a intimidade da performance ao vivo”.
Caso alguém possa imaginar que “Quicksand” se trate de tecnologia, Sugano afirma: “Este projeto foi a conjunção perfeita entre aquilo que a Björk queria fazer e a tecnologia com a qual trabalhamos. Não foi o caso de forçar os limites da tecnologia pelo simples prazer de fazê-lo, mas de demonstrar como a incorporação dessa nova tecnologia aprimorou a emocionalidade da obra de forma natural, sem esforço”. Acrescenta: “Foi a primeira vez em que experimentei a diversão e a graça da RV. Björk nos inspirou e foi uma verdadeira honra trabalhar em parceria com ela, criar algo juntos e divulgar o resultado para o mundo todo”.

Renderização da máscara “Moth”, de James Merry, para “Notget” em RV.

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